Do tamanho de um figo




Filho disse que minha neta está do tamanho de um figo. Não temos o sexo ainda, mas chamo de neta, no feminino, pra ocupar espaços mesmo. De qualquer forma, eu já amo figo normalmente, assim, só de pensar na fruta. Agora um figo que é parte de mim e do meu filho, só faz a gente explodir de amor. Agora entendo como avós são ridículos, ou se tornam ridículos. É absolutamente natural. Brota um amor incondicional por uma coisinha que tem o tamanho de um figo. Ou o tamanho de uma libélula, que também é um dos insetos mais fofos, ainda mais se for chamar em inglês: dragonfly.

Refletindo aqui, acho que por um lado, essa loucura toda por esse projeto de gente tem muito a ver com o ego. Porque é como se você se tornasse imortal. Você percebe que vai viver em outros seres. Que têm o tamanho de um figo agora. E daí? É quase vida eterna. Um legado.
Se a gente, para deixar um legado na terra, precisava plantar uma árvore, escrever um livro e fazer um filho, o que dirão de se ter uma neta? A gente ganha bônus de legado?

Não sei.

Penso também que, na verdade, esse sentimento de querer esmagar esse figo com todo o amor que já tenho, e muito mais que anda brotando sem controle em mim, tem a ver com a ausência de estresse em educar. Num tem! Num tem estresse nenhum sobre como pagar escola, com que companhias vai andar, bla bla bla. Talvez porque a gente já passou de fase - já doeu tudo com o filho - as netas vem só com a parte boa: quilos, toneladas, litros, de amor. Repentinamente ganhei uma filha-nora, e junto com ela um figo. Gente, é bom por demais de qualquer conta!

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