Panamá – encontro da família

Quando a gente se muda de país e fica longe de amigos e da família várias coisas mudam de peso e valor na nossa vida. Para mim, viajar sempre foi algo de curtir com quem eu amo e de ir ao encontro de amigos. Tanto que fiz escolhas de destinos baseada nos amigos que iria encontrar e não nos destinos propriamente. Panamá é um caso.
O país foi um ilustre desconhecido meu até janeiro de 2017, quando o filho disse que estava participando de um processo de seleção para trabalhar lá. A partir daí foram vindo algumas informações. Segurança boa, boa qualidade de vida na situação de expatriado (isenção de impostos – lembra do Panamá Papers?), boa estrutura, clima fantástico de 22 graus de média, todo santo dia do ano e praia. Dois oceanos a piscar de olhos.
Assim, com a mudança da cria, o objetivo de vir conferir se está tudo nos conformes como uma boa mãe italiana, se concretizou. Trabalhei em dois empregos, boas horas durante a temporada em Bar Harbor para em novembro passar uns dias nesse país já não tão desconhecido assim.
A viagem, como sempre é mais trabalhosa, quando se mora em uma ilha, na pontinha do Maine. O vôo saía de Boston o que significava deixar a cã e os apetrechos na casa do tio, pegar o carro, dirigir por umas 3 horas até a primeira parada, perto de Portland, na casa dos sogros e, no outro dia, seguir para Boston. Lá deixamos o carro no estacionamento da entrada da cidade chamado Peabody e seguimos com o shuttle para o Logan Airport. Há vôos diretos, o que não foi o nosso caso. De Boston fomos para Atlanta e, de lá, para Cidade do Panamá. Saímos de uma temperatura raramente agradável de 15 graus para os 25 graus da CP. E chegamos ainda sabendo que estávamos com sorte porque estava fresco. Às 21h, depois do dia inteiro em trânsito, chegamos e ficamos sabendo que no outro dia acordaríamos às 5 da manhã para aproveitar e ir com um grupo de amigos a San Blas, um agrupamento de 365 ilhas do lado do Atlântico. Bem, quem disse que férias é para descansar?
O trajeto, contratado com motorista para que todo mundo pudesse ter as merecidas cervejas não poderia ser chamado de agradável. Filho já sabendo da minha tendência a enjoar em qualquer tipo de transporte disse: você vai precisar de dramin. Obedeci e fiquei feliz por fazê-lo. O último trecho do trajeto é de 42 km de curvas mil e que só carros com tração 4x4 conseguem fazer. A área é militar e de reserva indígena. Pelo que entendi os índios Kuna são os que exploram os serviços de turismo ali. O que é engraçado é que o símbolo indígena é a suástica (sem relação alguma com os nazis). Um baita caso de estudo de semiótica.
Estacionamos em uma área que teoricamente oferecia banheiro. Na verdade o banheiro precisa ser limpo com os baldes de água que estão fora e custam 25 cents. Americanos. A moeda é a Balboa, mas só no nome. Está equiparada com o dólar e tanto faz se você usar a moeda de 25 cents de Balboa ou de dólar. Eu não entendo muito de economia mas tenho uma noção que essa equiparação de moedas é bem prejudicial para o povo que mais precisa. Alguém está pagando a conta nessa ciranda. E ainda vou ler mais pra descobrir sobre.
O motorista ia ficar o dia inteiro ali esperando a gente voltar da ilha. Sem um livro sequer para ler. :/

Banheiro das mulheres


Pegamos um barco para umas 15 pessoas, viajamos uns 20 minutos para chegar a uma das ilhas, chamada Perro chico. Ali, nosso agente Kuna já tinha organizado onde ficaríamos e o almoço, que seria em outra ilha, Fragata Chica. Pai, marido, filho postiço, filho e eu nos jogamos na água. Conhecemos a trupe dos amigos de Portugal, e socializamos com o bom e velho português. Bem, não precisa dizer que o mar do Caribe é fantástico, morno, claro, com peixinhos em todos os lugares. E que eu precisava demais dessa salmora.
Seu Rogério no barco.

Auto-explicativa.

A cabana dos sonhos de metade do mundo...

Auto-explicativo

Morna e transparente


Ao meio dia fomos de barco à outra ilha. Almoçamos a lagosta local, que é bem diferente da do Maine (não tem as garras e é com carne branca) e Corvina frita, que estava cheia de espinhas. O acompanhamento foi o patacones, que é o plátano (uma banana imensa) cortado em fatias e frito.  Mais um tempo para curtir nessa ilha, inclusive na rede e entramos no barco de novo que nos levou a uma bancada de areia para ver estrelas do mar. No meio do nada do mar. Super raso. Voltamos, com dramin de novo, absolutamente cansados e com a alma lavada. O vô ficou em casa descansando e o restante foi jantar no japonês Sushi Express que tem tudo de lindo, da comida ao atendimento.
A trupe toda foi dormir para lá de cansada. O dia seguinte ia ser mais tranquilo.

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