“Dormi do sábado para o domingo junto com os outros, embaixo
da mesa na sala. O barulho dessa vez não vinha só de um aquecedor, mas também
da geladeira que tinham colocado. Mas consegui descansar. Ontem ela ficou
praguejando de tarde enquanto eu a ajudava a limpar tudo dizendo que os homens italianos
eram uns bagunceiros. Pelo que vi eram mesmo. Pó por tudo, sujeira mesmo depois
de terem colocado a geladeira nova. Depois que ela limpou tudo, me deixou ali
na sala e foi tomar banho.
Hoje ela me escolheu de novo. Talvez porque eu seja muito
mais confortável que os outros. A caminhada foi parecida com a de ontem.
Primeiro estivemos em terrenos de pedra – eu particularmente acho lindas essas
pedras que os humanos colocam no chão encaixadinhas, e que duram milênios. Descemos
em direção ao castelo di Tenno – já sei o caminho – e pegamos algumas estradas que tinham pedras brancas e grama ao redor. Não encontrei as flores amarelinhas que vimos
ontem. Acho que aqui nessa região elas já não são tão comuns. Mas a vista ainda
assim era bonita. Tufos de gramas, pedras brancas de vários tamanhos, um pouco
de pó. Eu não ligo, fui feito para isso.
Depois de passar pelo lado do castelo que ouvi eles dizerem
que era um burgo no passado, que tinha portão e tudo, continuamos por vielas
feitas de pedra. Eu ia equilibrando o peso, ora para um lado, ora para o outro.
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As flores amarelas? Todas naturais! |
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Nós lá em cima, no burgo di Frapporta. |
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Topo do morro do castelo no burgo de Frapporta. |
Aí logo a estrada de pedras brancas e tufos de grama
apareceu de novo. Subimos um monte e o sol estava delicioso. Até eu tinha sol
em mim! Tudo muito mais morno. Eu ouvi que eram 10 graus no início da manhã,
quando todo mundo acordou com o sino da igreja às 6h30. Mas ali eu acho que já
faziam 15 graus. Estava agradável. Continuamos subindo bastante e chegamos a um
ponto em que a vista era fantástica! Fiquei feliz de ver que não tinha um muro
de contenção nesse morro, só umas barras, porque eu também pude ver a vista. Muito linda. Mas
ela não parou ali. Continuou e foi descendo, descendo, até encontrar uma tela, tipo um quadro, feita de madeira que imitava barcos. Não consegui ver, mas ela estava dizendo
que quando você olha através é como se os barcos de madeira da tela estivessem no lago Di Garda. Ela
continuou descendo e o chão acabava tendo umas florzinhas roxas aqui e ali. Ah!
Muitas joaninhas também. Eu adoro as joaninhas, acho que elas têm uma roupa
fashion. Sabe aquele pessoal que tem atitude ao vestir? Para mim, são as
joaninhas. Mais a frente ela parou de novo e pude ver com clareza: pés feitos
de madeira. Pelo jeito estávamos fazendo um caminho de peregrinos.
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Joaninhas: fashion |
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Quadro de madeira. E o lago ao fundo. |
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Sentieri del Picoli Caminatori |
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Os pés de madeira do caminho. |
Chegamos em mais uma
igreja, mas a porta estava fechada. Ela
rodeou e fui ver com ela o cemitério ao lado. Ouvi ela dizendo que teve gente
que morreu muito cedo mesmo. E ele confirmou dizendo que, se perceber pelas
datas, era muito por causa da guerra. Afinal aquele castelo foi destruído em
uma das guerras em que o tal do Napoleão estava envolvido. Saímos do cemitério
e voltamos a subir pela estrada de pedras brancas, os pés de madeira,
florzinhas roxas, joaninhas fashions. Acabamos parando no topo, no lugar
daquela vista linda. Ele foi pintar o que via e ela foi meditar. Ficamos em
paralelo por fora, como a mestre Fernanda ensinou e fizemos a postura da
árvore. Ela estava equilibrada com a minha ajuda, claro, porque nem se mexeu e
conseguiu ficar por 10 minutos naquela posição.
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Chiesa di San Lorenzo |
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Ciprestes para proteger do vento, imagino eu. |
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Desenhos góticos na janela e no exterior. |
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"Leitura" em aquarela de Greg Burns de uma parte de Tenno |
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Aquarela das montanhas que nos rodeiam. |
Depois voltamos pela estrada descendo, entramos no
calçamento da vila e paramos em um estacionamento porque ele ia desenhar
também. Como eu estava relaxado, com meus pés para cima, pude ver uma das
pinturas que ele fez. Muito bom!
Voltamos para casa porque eles iam cozinhar. Agora estou aqui
escrevendo com os pés para cima porque sei que de tarde vamos fazer outra
caminhada e preciso estar pronto.”
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Os autores do post. ;) |
Ass: Tênis.
Viva quem fica parelelo por fora!!! aisudhaisudhaisduhas Credo Nivea, que papo de louco, quem que te ensina essas coisas malucas aí??? kkk
ResponderExcluirVamos esclarecer, né? Ficar paralelo por fora não é estar conectado de forma sutil no espaço sideral, é apenas posicionar os pés paralelos pela linha de fora do pé, para que possamos fazer uma meditação em pé numa postura que se chama "postura da árvore".. só pra ninguém achar que ensino coisas de extraterrestres.. hahhaha
Linda viagem, lindo blog! Mangiare tutto benne ma que caspita!!! Bjão!