virtualidade que dói

O mundo da comunicação não se cansa de afirmar as belezas, congruências, eficácias e mais um punhado de ências que as conexões virtuais estão oferecendo. Olha! Você pode falar com alguma pessoa que está do outro lado do mundo em tempo real! Podemos saber o que acontece, no exato momento em que acontece! Não precisa-se mais esperar eternamente por aquela carta ou pacote que nunca chega, porque se um endereço de email estiver com problema, o outro resolve...

Mas ninguém, até hoje, resolveu falar do processo de se saber e não poder tocar. De se dizer e não poder fazer. Há poucos dias me peguei incomodada em receber emails e de conversar por chat com uma pessoa específica, sim, muito específica, para não dizer que se tornou importantíssima, e que abriu, muito rapidamente, um espaço (grande demais pro gosto de quem já viveu muitas histórias) na minha vida.

Resolvi aqui dizer que, contra toda essa orgia de “que bom que temos a internet”, eu me posiciono abraçada ao NÃO (bem assim, caixa alta e categórico). Não, não é bom saber que a pessoa do outro lado está sentindo e-xa-ta-men-te a mesma coisa que você. Sim, sim, que sente a mesmíssima falta, das mesmíssimas coisas. Não, não é legal saber que a outra pessoa fica rememorando os mesmo minutos que você fica repassando durante o dia. Não, não é “sumpimpa” saber que a outra pessoa conta os mesmos minutos para essa situação de virtualidade se esgotar o mais rápido possível. Não, não é confortador saber que a mesma necessidade que você tem de dizer o quanto a outra pessoa faz falta, está lá, do outro lado virtual também. Não é bom, não.

Essa virtualidade não esgota os sentimentos reais, que estão aqui e não, não sei o que fazer com eles...

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