Vários voos depois e tudo bem. A rotina de viagens que muitos profissionais possuem acaba gerando oportunidades únicas de saber lidar com uma companhia que pode ser agradável: você mesmo.
Depois de ir e vir de Porto Alegre quase toda semana, a observação do corriqueiro em aeroportos e as pessoas que vem e vão acaba por nos trazer algumas conclusões de como nossa sociedade caminha. Numa dessas viagens meu tio, que fez um esforço para cumprimentar pessoalmente a sobrinha aqui, desabafou: há muita gente no mundo. Indignado a ponto de parecer engraçado, ele, que mora a 15 minutos do aeroporto Salgado Filho, impressionou-se com o tempo levado para estacionar o carro.
- Levei 15 minutos pra chegar aqui e 25 para poder sair do carro. Tem muita gente no mundo.
É, ele pode ter razão. O mundo pode estar lotado e eu, nessas idas e vindas, ser mais um pontinho na imensidão de gente que vai e vem todos os dias. Gente que talvez eu nunca mais vá ver, gente com milhares de problemas muito piores que os meus, gente com desafios hercúleos, gente com preocupações simples, gente com saudades, com dor, com pressa, com tempo, com amigos, sem amigos, com família esperando, com um cachorro esperando, com mil coisas para terminar (ah,essa sou eu!), com amores perdidos em cada parada, com inimigos mortais pelas esquinas, com vontades, sonhos, enfim, com mundos dentro delas.
E é interessante como cada um resolve lidar com esses mundos internos, ou com essa companhia eterna de si mesmo. Há os que se rendem a Morfeu e dormem não se importando com os olhares alheios. Encostam em qualquer pilastra, poltrona, e fecham-se ao exterior. Há os que precisam colocar todos os assuntos em dia com quem quer que sejam e acabam contando a sua vida em alto e bom som pelos celulares – também não se importando com quem ouve – nas salas de espera. Há, ainda os que colocam trabalhos em dia, arrumam a agenda da semana, planejam ações e fazem negócios. Produzem. Há os que lêem, entretidos em mundos paralelos, ficcionais ou não. Há os que conhecem pessoas novas e resolvem partilhar suas vivências ali mesmo, onde estiverem. Dar conselhos, contar, divertir e encontrar coisas em comum.
Admito que nesses milhares de quilômetros voados fiz um pouco de cada ação citada. Mas hoje me deparei com uma cena vista várias vezes e que não cansa de ser linda. Porto Alegre cheia de luzinhas amarelas e brancas lá embaixo – um mar brilhante –, a aeronave mergulhando no breu celeste e um reflexo luminoso na carenagem: a lua. Sempre acima, sozinha, perdida na imensidão escura do céu. Ela não deixa de ser um pontinho na imensidão como cada pessoa com que esbarrei. Mas para nós é única, gigantesca, senhora da noite. Bom saber que mesmo podendo ser um pontinho na imensidão de gente que vai e vem, podemos ser uma lua portentosa em nosso mundo interno. Isso significa refletir o brilho que nos é enviado. Belo jeito de ver como podemos ser gigantes, não?
Depois de ir e vir de Porto Alegre quase toda semana, a observação do corriqueiro em aeroportos e as pessoas que vem e vão acaba por nos trazer algumas conclusões de como nossa sociedade caminha. Numa dessas viagens meu tio, que fez um esforço para cumprimentar pessoalmente a sobrinha aqui, desabafou: há muita gente no mundo. Indignado a ponto de parecer engraçado, ele, que mora a 15 minutos do aeroporto Salgado Filho, impressionou-se com o tempo levado para estacionar o carro.
- Levei 15 minutos pra chegar aqui e 25 para poder sair do carro. Tem muita gente no mundo.
É, ele pode ter razão. O mundo pode estar lotado e eu, nessas idas e vindas, ser mais um pontinho na imensidão de gente que vai e vem todos os dias. Gente que talvez eu nunca mais vá ver, gente com milhares de problemas muito piores que os meus, gente com desafios hercúleos, gente com preocupações simples, gente com saudades, com dor, com pressa, com tempo, com amigos, sem amigos, com família esperando, com um cachorro esperando, com mil coisas para terminar (ah,essa sou eu!), com amores perdidos em cada parada, com inimigos mortais pelas esquinas, com vontades, sonhos, enfim, com mundos dentro delas.
E é interessante como cada um resolve lidar com esses mundos internos, ou com essa companhia eterna de si mesmo. Há os que se rendem a Morfeu e dormem não se importando com os olhares alheios. Encostam em qualquer pilastra, poltrona, e fecham-se ao exterior. Há os que precisam colocar todos os assuntos em dia com quem quer que sejam e acabam contando a sua vida em alto e bom som pelos celulares – também não se importando com quem ouve – nas salas de espera. Há, ainda os que colocam trabalhos em dia, arrumam a agenda da semana, planejam ações e fazem negócios. Produzem. Há os que lêem, entretidos em mundos paralelos, ficcionais ou não. Há os que conhecem pessoas novas e resolvem partilhar suas vivências ali mesmo, onde estiverem. Dar conselhos, contar, divertir e encontrar coisas em comum.
Admito que nesses milhares de quilômetros voados fiz um pouco de cada ação citada. Mas hoje me deparei com uma cena vista várias vezes e que não cansa de ser linda. Porto Alegre cheia de luzinhas amarelas e brancas lá embaixo – um mar brilhante –, a aeronave mergulhando no breu celeste e um reflexo luminoso na carenagem: a lua. Sempre acima, sozinha, perdida na imensidão escura do céu. Ela não deixa de ser um pontinho na imensidão como cada pessoa com que esbarrei. Mas para nós é única, gigantesca, senhora da noite. Bom saber que mesmo podendo ser um pontinho na imensidão de gente que vai e vem, podemos ser uma lua portentosa em nosso mundo interno. Isso significa refletir o brilho que nos é enviado. Belo jeito de ver como podemos ser gigantes, não?
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