os pontos finais e suas consequências

Pela primeira vez acabei uma história sem ela chegar ao seu final. Resolvi colocar o ponto final antes do texto entrar no seu último parágrafo, ou mesmo no meio do que poderia ser uma fabulosa narrativa. Mas não se faz isso passando incólume, sem arcar com caras conseqüências. Ver o sofrimento no rosto do outro corta e dói muito mais do que se fosse na gente mesmo. Mulheres e mães em geral tendem a puxar para si a dor dos outros, dos filhos, dos que estão sob seus cuidados. E, pela primeira vez também, me peguei rezando, pedindo para ser eu no lugar.

Nessas horas, aquela maldita pergunta não pára de ficar sendo repetida: e se... e se... e se... E todos os cálculos e gráficos apontam para a decisão correta. Mas esses cálculos, argumentos e gráficos estão no campo racional. No racional tudo se prova, se conta, se desenha e se fecha em desenhos perfeitos.

O problema está em lidar com cenas, diversas delas, que ficam se repetindo num filme recém editado,como a de um beijo silenciando possíveis sons. As sensações que esse tipo de atitude trazem não se explicam. São sensações, criadas para serem sentidas. E passam longe, muito longe do racional. Pena que, ainda assim, dentro da gente. E doem.