full of soul



Esses dias estava vendo de novo um trecho interessantíssimo do filme Perfume de Mulher. Al Pacino (é) está fabuloso no papel de um militar da reserva que defende um aluno de uma universidade de uma sindicância interna. No discurso, absolutamente irrepreensível, ele fala dos horrores que presenciou na guerra e das milhares de pessoas que viu perderem partes do corpo nos embates. Mas ressaltou que o pior que pode acontecer a um ser humano é ter uma alma amputada. Porque, diz ele, “para uma alma amputada, não há prótese”.


E aí fiquei pensando nas diversas formas de se ter uma alma amputada. Que tipo de acontecimento – coisas que deixamos acontecer conosco – faria cortes irreversíveis na alma? E comecei a listar as possíveis situações. Mas a pior delas eu acho que deve ser aquela em que não se vive o que a alma quer viver. Em que se evita a realização de algo que a alma está pedindo... Ou que ela precisa pra se manter viva. Conheci muita gente que parecia viva mas que a alma estava morta há tempos. Zumbis, sabe? Gente infeliz com a própria vida mas que não conseguia sair do círculo vicioso do lamentar-se, deprimir-se e ficar reclamando da vida dos outros... Conheci muita gente que fez ressuscitação na própria alma. Gente que deu um basta numa vida infeliz, surpreendeu todo mundo e virou instrutor de paraglider na Nova Zelândia. E a alma deu aquele suspiro de volta a vida. Houve também aqueles que tiveram suas almas em coma, na UTI. Amigos que passaram por uma desilusão, que acharam que ia morrer junto com um relacionamento e que, com jeitinho, e tempo, muito tempo, conseguiram recuperar a alma e voltar a normalidade de uma vida.

Há ainda os que roubam almas dos outros. Como no filme Anjos Rebeldes. Por meio do beijo, os anjos decaídos sugavam as almas das pessoas. Penso que há gente que anda por aí tirando a alma dos outros da mesma maneira ou com estratégias diferenciadas.
Há também o outro lado, os que conseguem ouvir o apelo da alma e seguir o que ela fareja, sente e anseia. Difícil chegar nesse patamar, e mais ainda, entender essas pessoas. Elas parecem que vivem em outra dimensão. Mas uma dimensão em que a alma, sim, se espreguiça, transpira e transborda de energia. Podemos chamá-los de os “cheios de alma”. São fascinantes essas pessoas. Elas realmente sabem do que a alma precisa. E quando elas estão perto da gente a alma vibra, canta. Quero ser assim. Estou no caminho, aprendendo com um feiticeiro amigo. E contando com a ajuda de outras almas brilhantes, que em vez de sugar a alma, a envolvem com o carinho com que se cuida do que é praticamente seu.

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