X-woman: a vida e a morte

Um furacão parece que pega a gente quando a idade se aproxima. Como se a alma estivesse se acostumando com um novo corpo ou talvez o corpo com as milhares de novas experiências vividas, tratando de imprimi-las nas diversas rugas... E não importa o número. Fazer aniversário é começar o ano definitivamente e fazer um balanço de como foi a caminhada até aqui.
E aí a gente chega a algumas conclusões: há 70 anos eu estaria a beira da morte. Sim, a média de vida era em torno de 30 e poucos anos. A pessoa deveria ter casado, feito filhos, construído uma profissão, estabelecido uma imagem e vivido uns poucos papéis sociais. Deixado um legado: uma árvore, um filho e um livro. Ok, se vivesse há 70 anos teria feito tudo isso.

Mas sinto que preciso de mais papéis nessa peça que é a vida. Quero representar mais papéis além dos que já interpretei. Outros. Quero mutar, mudar sempre. Mas não mudar ao léu, mas mudar por trilhar novos caminhos, mais interessantes do ponto de vista de crescimento. Há duas grandes coisas realmente significativas que podemos fazer nessa peça: ser melhor, adquirir as tais virtudes que não recebemos quando nascemos - minha ex-sócia sempre diz que não entrou na fila da paciência... eu tbém não. E a outra grande coisa é usar tudo isso para tornar a vida dos outros melhor. Uma aluna esses dias disse: queria ter 19 anos com a cabeça que tenho hj. É o tal desejo do ser humano. Ter a bagagem de experiência com o tempo, a chance de viver muito mais com essa experiência. Eu não me queixo! Acho que o tempo tem sido suficiente para mim. As nossas experiências chegam na velocidade que as assumimos. Tudo é aprendizado: o tombo, o troféu, o trabalho. O desafio é não perder tempo reclamando e já pegar a lição e somar no caderninho de experiências. Ou no caderninho de momento proveitosos que carregamos vida afora, como uma vez me contou alguém muito importante...

Enfim, decido, na virada da vida, que quero ser uma x-woman. Uma mutante. E usar os poderes dessas mutações para salvar o mundo. Pode ser somente o meu e o das pessoas ao meu redor. Já está de bom tamanho. E que não seja como uma simples mudança de pele como a cobra faz. Claro que a essência fica. Os valores ficam, não há como mudá-los. Mas com a percepção do que realmente é importante. Aquela percepção que somente os que estão na beira da morte conseguem ter. O que realmente é importante nessa vida? Irônico ter que estar a beira da morte para saber... Bem, há 70 anos eu estaria a beira da morte. Então quero ter a noção exata agora do que é importante. E mudar. Mudar e agir como se fosse morrer amanhã.
Na beira da minha morte e na virada da minha vida trago a música da Tracy Chapman para me lembrar de algumas dessas coisas. E vc? Would you change?

If you knew that you would die today,
Saw the face of God and love,
Would you change?
Would you change?

If you knew that love can break your heart
When you're down so low you cannot fall
Would you change?
Would you change?

How bad, how good does it need to get?
How many losses? How much regret?
What chain reaction would cause an effect?
Makes you turn around,
Makes you try to explain,
Makes you forgive and forget,
Makes you change?
Makes you change?

If you knew that you would be alone,
Knowing right, being wrong,
Would you change?
Would you change?

If you knew that you would find a truth
That brings up pain that can't be soothed
Would you change?
Would you change?

Are you so upright you can't be bent?
If it comes to blows are you so sure you won't be crawling?
If not for the good, why risk falling?
Why risk falling?

If everything you think you know,
Makes your life unbearable,
Would you change?
Would you change?

If you'd broken every rule and vow,
And hard times come to bring you down,
Would you change?
Would you change?

If you knew that you would die today,
If you saw the face of God and love,
Would you change?
Would you change?
Would you change?
Would you change?

If you saw the face of God and love
If you saw the face of God and love
Would you change?
Would you change?

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