- Vou fazer uma proposta indecente: teremos nossa aula no teatro, na rua. Topam?
Um grupo de jovens com uma "micro" professora se encaminham para acomodar-se entre as pedras do centro histórico e ouvir falar - talvez pela primeira vez - de um tal de Bukowski. Pra dar exemplo, senta no chão e se acomoda entre a plateia atenta. Os alunos fazem uma parede atrás, interessados, vivazes, cheios daquela energia que alimenta qualquer docente que leciona por vício.
" - Ok, absolvemos você. Não falemos mais nisso. Mas queremos saber: porque você bebe tanto?"
" - eu tenho a culpa da beleza. Você tem sorte, é feio. As pessoas se aproximam de você porque gostam e não porque querem seu corpo. Comigo é só corpo."
A peça atrai, enterte, até que um cara cambaleante ameaça invadir o cenário montado na rua. O espaço onde as histórias transcorriam. Rompe a cerca humana e vai. Um rapaz, delicadamente encaminha os passos para cambalearem em outra direção. E o bêbado se direciona a sair do círculo formado pela plateia, mas volta e insiste. Insiste em, quase de lado, ir passando entre as pessoas sentadas no chão. Quase cai, mas vai em frente. Senta-se no lugar mais nobre da plateia de chão. E todos abrem espaço para que deite-se. À loucura sempre se abre caminho. Ele dorme em meio a plateia. Alguns imaginam se tratar de algo presente na trama, afinal, foi um espetáculo a parte aquele ser errante resolver protagonizar um drama do equilíbrio.
Acaba a peça e lá está a micro pessoa rodeada de animados alunos. E depois de dar coordenadas se vê sozinha.
- Bom final de semana, professora!
De um lado a outro, ninguém mais conhecido. Mas uma multidão de pessoas animadas indo e vindo, programando farras - é sexta! - e encontros. E ela se perde. Pensa no que fazia há 5 meses nesses momentos. Sentiu saudades. E se encaminha quase cambaleando como o bêbado para o ponto do ônibus. No caminho, a dor aperta mais. Então é isso que chamam de solidão! Já entendi porque o personagem bebia!
Não é falta de amigos, haveria um punhado deles para acompanhá-la naquele momento. Era falta de uma pessoa específica ou dela mesma.
- Será que ainda é bom me ver, como antes? Como dito antes?
O coração aperta, a garganta engole em seco e ela continua andando. Milhares de possibilidades passam na cabeça. Várias vezes constrói cenários possíveis, impossíveis, muito próximos e muito afastados. Milhares de loucuras. Nada é ponderado o suficiente. Conclui.
O bêbado, deitado no chão de paralelepípedo, largado no meio de uma praça vazia, era ela. A alma dela.
Um grupo de jovens com uma "micro" professora se encaminham para acomodar-se entre as pedras do centro histórico e ouvir falar - talvez pela primeira vez - de um tal de Bukowski. Pra dar exemplo, senta no chão e se acomoda entre a plateia atenta. Os alunos fazem uma parede atrás, interessados, vivazes, cheios daquela energia que alimenta qualquer docente que leciona por vício.
" - Ok, absolvemos você. Não falemos mais nisso. Mas queremos saber: porque você bebe tanto?"
" - eu tenho a culpa da beleza. Você tem sorte, é feio. As pessoas se aproximam de você porque gostam e não porque querem seu corpo. Comigo é só corpo."
A peça atrai, enterte, até que um cara cambaleante ameaça invadir o cenário montado na rua. O espaço onde as histórias transcorriam. Rompe a cerca humana e vai. Um rapaz, delicadamente encaminha os passos para cambalearem em outra direção. E o bêbado se direciona a sair do círculo formado pela plateia, mas volta e insiste. Insiste em, quase de lado, ir passando entre as pessoas sentadas no chão. Quase cai, mas vai em frente. Senta-se no lugar mais nobre da plateia de chão. E todos abrem espaço para que deite-se. À loucura sempre se abre caminho. Ele dorme em meio a plateia. Alguns imaginam se tratar de algo presente na trama, afinal, foi um espetáculo a parte aquele ser errante resolver protagonizar um drama do equilíbrio.
Acaba a peça e lá está a micro pessoa rodeada de animados alunos. E depois de dar coordenadas se vê sozinha.
- Bom final de semana, professora!
De um lado a outro, ninguém mais conhecido. Mas uma multidão de pessoas animadas indo e vindo, programando farras - é sexta! - e encontros. E ela se perde. Pensa no que fazia há 5 meses nesses momentos. Sentiu saudades. E se encaminha quase cambaleando como o bêbado para o ponto do ônibus. No caminho, a dor aperta mais. Então é isso que chamam de solidão! Já entendi porque o personagem bebia!
Não é falta de amigos, haveria um punhado deles para acompanhá-la naquele momento. Era falta de uma pessoa específica ou dela mesma.
- Será que ainda é bom me ver, como antes? Como dito antes?
O coração aperta, a garganta engole em seco e ela continua andando. Milhares de possibilidades passam na cabeça. Várias vezes constrói cenários possíveis, impossíveis, muito próximos e muito afastados. Milhares de loucuras. Nada é ponderado o suficiente. Conclui.
O bêbado, deitado no chão de paralelepípedo, largado no meio de uma praça vazia, era ela. A alma dela.
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