Recall

Quando eu fazia parte do grupo de jovens, numa maratona daquelas intermináveis palestras sobre drogas e os perigos da dependência, houve um pastor, ex-adicto, que disse que a recaída para alguém que está se recuperando é similar a uma passagem da Bíblia que diz que quando mandamos embora espíritos ruins do templo e os acolhemos tempos depois, não volta um, mas sete. Resumindo, recaídas são pior do que manter o vício.

Eu usava essa regra para relacionamentos também. Achava as recaídas uma espécie de necrofilia. Era como se desenterrássemos o cadáver e quiséssemos discutir com ele e depois enterrássemos de novo. Sei lá.
Ontem descobri um lado útil das recaídas. Apesar de ser uma das coisas mais doloridas que alguém pode fazer consigo depois que termina um relacionamento, ela pode trazer algumas respostas que não se pode encontrar sozinho. Esclarece o que se sente e mostra um pedacinho do futuro. Como se fosse um test-drive na hora do recall. Você testa o veículo que um dia funcionou de um jeito, que foi seu, para saber se as coisas estão do mesmo jeito com peças novas. As peças são os novos acontecimentos.

Foi bom. Descobri que não suporto a presença dessas novas peças e que vou ter que esperar por novos modelos ou mesmo um up-grade para fazer nova aquisição. Ou não fazer aquisição alguma. Enfim, é se acostumar a ficar sem carro. Ok, vc não chora por que está sem carro. Mas não deixa de ser uma comparação razoável.

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