O futuro - falando de frutos

"O futuro a Deus pertence". A expressão católica fatalista confere a todos os humanos crentes de um Deus todo poderoso um cômodo jeito de pensar. Se a ele pertence, então sentemos e esperemos.

Não consigo aquiescer a esse dogma. Até porque, por experiência própria, vi que o futuro é o resultado do que eu faço lá atrás, que, na verdade, é agora o meu presente. Fácil também é a vida dos que acreditam que o presente é pra ser vivido intensamente porque não se sabe o que será lá na frente.

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. O presente, sim, deve ser saboreado como uma manga que se come com as mãos. Tem que se lambuzar mesmo. Mas um olho, um pensamento, sempre deve estar apontado lá na frente, pra saber que tipo de futuro esse presente está nos dando. Ou que estamos construindo. Prefiro acreditar que esse futuro a nós pertence. Que ele é uma massa que vamos moldando todos os dias enquanto nos lambuzamos no presente. E que as frutas que formos saboreando vão deixar as sementes para formar as árvores do futuro. Pra quem quer sombra e água fresca no futuro, talvez seja a hora de começar a saborear as frutas tomando o cuidado de plantar as sementes que restarem.

Eu estou fazendo isso. Olhando lá para frente, sentindo tudo o que o presente está me proporcionando e adubando as minhas novas árvores que virão com os momentos fabulosos que carrego do passado. Isso, sim, é formar um pomar do tempo. Quem sabe, num futuro próximo, eu não colha frutos fabulosos com o que plantei agora?

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