O Pânico, segundo a inteligência artificial Gemini. Ele parece fofo, mas dizem que é melhor não dar nome para as coisas que nos incomodam, porque elas ficam. Então ele não vai ter nome. |
Foi essa
noite passada. E aqui estou eu no escritório checando todos os slides que vou
usar para ensinar hoje, daqui a pouco. E nem sabendo que está tudo organizado,
sob controle, me fez espantar essa sensação horrível.
Fazia tempo
que eu não sentia. É físico. É emocional, mas o corpo reflete tudo. Acordei com
um pesadelo meio sem pé nem cabeça e de repente eu estava com todos aqueles
pensamentos de fracasso populando minha cabeça.
- Não vai
dar certo
- Não vou
conseguir fazer
- Não dá
tempo de preparar
- Vou errar
tudo
- Quem eu
penso que engano?
Já sabendo
que tudo isso é falso e era produto da combinação de um pesadelo com vozes da
minha cabeça, eu levantei, fui fazer xixi, tomei água, chequei a cã que
espreguiçou e exemplificou o que é relaxamento total. Decidi que ia voltar a
dormir. Ultimamente, se acordo as 4:30, decidi que vou levantar e fazer os
rituais de meditação e exercícios, porque cansei de ficar brigando com o
relógio e o sono que não vem. Mas dessa vez acordei as 3 da manhã e eu não
podia estar destruída hoje. Então, voltei para a cama e comecei a tentar
meditar.
Eu podia
ouvir meu coração disparado, como se algo muito horrível fosse acontecer
naquele momento. Muito horrível. Minha razão dizia que estava tudo bem, eu
procurava provas de que era tudo uma ilusão, contava histórias para mim mesma.
Decidi enfiar a cabeça no travesseiro e acabei dormindo. Acordei as 6:30 com
outro pesadelo.
Levantei,
fiz meus rituais (orações, meditação e alongamento), tomei café e vim para o
escritório com um aperto horrível no peito. É um aperto físico. Já respirei,
chequei todo o material que devo apresentar nas aulas de hoje, já tomei chá e o
aperto está ali, como um alarme falso extremamente alto, ensurdecendo todos os
outros sentidos.
Eu continuo
operativa. Respondi emails, ajustei slides, fiz anotações. Recebi uma aluna e
respondi as perguntas dela. Tive vontade de chorar umas quatro vezes só agora
de manhã, mas não o suficiente para chorar de verdade. Pensei em ligar para
alguém. Mas me senti idiota. Eu sei que isso não é real. Não deveria estar
acontecendo. Lembro da minha terapeuta, enfática: - o que de pior pode acontecer?? Oras, dar
uma aula bosta.
A questão é que desde quando tive o primeiro ataque, depois da minha primeira aula na BU, o pânico tem me visitado com certa frequência. Muito mais raro, sem dúvida, porque aquele primeiro semestre eu achei que ia enlouquecer de verdade. Mudei e fortaleci a terapia e o pânico foi rareando. Agora ele vem assim de vez em quando, para me lembrar de estar atenta aos sinais que meu corpo está dando e para bucar o equilíbrio. Se ele existir. No final das contas, acho que estou conseguindo fazer o que sempre dizem que é o ideal: aprender a conviver com o stress e com o pânico. A gente acolhe, deixa o sentimento perpassar o corpo sem ficar empurrando para o lado ou sufocando, e deixa ir embora.
E assim foi.
Até a próxima vez.
Ou até nunca mais.
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