Sonho escrito e esquecido

 









Eu sempre tive sonhos muito malucos. E sempre achei que essa era a regra para todo mundo. Mas descobri que tem quem não lembre do sonho - porque também fiquei sabendo que todo mundo sonha, a diferença está entre lembrar ou não. Em tempos de cérebro nublado pela velhice e menopausa, conseguir lembrar de sonho é um milagre. Antigamente eu escrevia alguns sonhos - porque também fiquei sabendo que era bom, mas nunca fui tão disciplinada para continuar - e quando voltava a ler eu lembrava exatamente das cenas, cores, pessoas, linguagens... 

Hoje foi a primeira vez que isso não aconteceu. Estava aqui limpando meus emails - férias não são férias sem limpar email e morrer de vergonha por não ter respondido algum que ficou para trás - e vi um deles em que escrevi um sonho. 

Li. Não lembrei bulhufas. Nada. 

Mas achei poético. E vi ali o resultado do escarafunchamento que ando fazendo com a nova terapia, desde o ano passado. 

Resolvi dividir o sonho não lembrado enquanto não escrevo notícias novas por aqui. 

Esse foi de 29 de abril de 2024.


Fazendo pacotes de doces pra entregar no final da missa. 

A igreja vazia com um espaço onde estava o presépio. Perdi sapato e coisas no meio da bagunça. Muitos carros de gente conhecida tipo encontro da familia Bona e vou ao banheiro. Qdo volto ninguém está lá, me deixaram.

 Penso em como minha mãe me deixou mas ao mesmo tempo tento justificar que sou adulta. Pego um carro que nao é meu e tento chegar em um lugar próximo. Tem crianças brincando na rua e desvio com dificuldade. Não é o meu bairro, é um bairro pobre. Estaciono o carro que virou uma bicicleta e ocupo o ponto de ônibus.  Mulher pede pra eu tirar dali.

Encontro um celular pra ligar pra minha mãe e o aparelho não tem o 9. Um rapaz mais novo, alegre tenta me ajudar. Ele me traz para o que parece ser um seminário, falamos com um amigo dele, daí atravessamos várias ruas e chegamos no trabalho dele, um restaurante de beira de estrada. 

Todo mundo me olha com estranheza. 

Duas meninas e um rapaz e o chefe deles estão lá. Esse rapaz moreno que me ajuda diz que a mãe dele foi para uma "cidade de Curitiba". Eu pergunto qual, ele diz Ariporã. Explico que são duas cidades diferentes. 

E fico pensando no quanto a mãe desse menino deve estar lutando pra mandar dinheiro para eles mas que está vivendo definitivamente em outro status. 

Eu peço um abraço para dizer obrigada. Bem devagar ele começa a se movimentar como numa dança. Eu sigo. Depois que nos soltamos eu pergunto se ele dança tango. Ele diz que sim, oras. 

Pulo uma janela perto das pessoas que estão comendo e explico pra elas que estou tentando ir pra casa. Elas entendem. 

Mais a frente, à noite, estamos de novo atravessando a rua e indo para dentro de um parque de diversões. Ele se ajeita pra dormir no chão. Eu digo que não é para dormir ali. Ele me dá um souvenir do parque, uma freira com um nariz gordinho. Ele explica que uma das moças no restaurante tem ciúme de mim e estragou parte da bonequinha. Ele me pede para achar o defeito. Vi que o nariz tem um risquinho. Embaixo da freira tem um bonequinho de um príncipe, muito parecido com ele. Eu rio. Ajeito ele para dormir e ofereço minha jaqueta. Ele diz que não precisa. 

Eu continuo caminhando por umas casas e construções do parque até chegar em um carro que aparentemente é meu. Um policial enorme, preto, no meio do tráfego vem para conversar. Parece ser o pai do menino, ou melhor amigo. Eu já sabia que ia perguntar o que faço com o menino. Ele não sabia abrir a porta do carro.




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