Wwoof Itália – 25_03 – sexta-feira

Na saída da missa de ontem encontrei nosso anfitrião que disse que no outro dia poderíamos estar prontos às 8h15, meia hora depois do de sempre. Ele realmente tem um coração gigante. Teríamos mais tempo para dormir. Na verdade, Greg teria. Por estarmos indo dormir tão cedo aqui, ao redor das 22h, eu sempre acordo as 6h30, feliz, sem precisar de despertador.

Hoje finalmente plantamos batatas. O campo arado com o trator foi nivelado por Marco e Greg, e eu me pendurei no trator para ajudar a plantar as batatas. Havia uma máquina para fazer aquilo. Depois de ajudar Paolo a colocar as batatas na esteira para serem plantadas por uma máquina, fiquei imaginando a quantidade de tecnologia e de máquinas disponíveis para todos os tipos de plantios. Eu sabia que havia grandes tratores que trabalhavam à noite, até! Se numa pequena fazenda de orgânicos podíamos ter uma plantadora de batatas fiquei pensando em todo o aparato que os grandes latifúndios usam. Ninguém bota mais a mão na terra. Pouca gente come a salada colhida do próprio terreno como fizemos todos os esses dias. Uma tristeza. Decidi, combinada com o Greg, que não importa como será a nossa rotina. Vamos dar um jeito de comprar sempre alimentos orgânicos, nem que isso signifique ir para a feira num sábado de manhã, cedo, no frio, só para apoiar o trabalho dessas famílias teimosas que insistem em cultivar com afeto e sem veneno. É uma trabalheira que só!!!
O trator para plantar batatas.

Eu colocando as batatas na esteira para serem plantadas.

Eu, pendurada no trator. Claro que o Greg estava rindo...

A estrada para a fazenda.

Depois disso, Greg foi capinar ao redor de várias oliveiras de um campo mais além, eu podei mais ramos de sálvia (que fervida com água e borrifada serve para tirar os fungos das plantas) e depois fomos nivelar com o rastelo mais dois corredores entre as árvores de oliva, os mesmos que foram arado pelo trator. Amanhã era dia de plantar chicória ali. Fomos almoçar. Eu estava morta. O corpo inteiro doía do dia anterior, da escalada e do trabalho daquele dia. Foi o primeiro dia que eu realmente suei, mesmo com os 13 graus que fazia e sem sol. Eu realmente estava acabada.
Mas como a gente sempre pode ir além, mesmo com as costas gritando, eu me preparei para ir escalar (e lá elas pararam de doer!!).
Eu estava quase de mal-humor de tão cansada. Mesmo assim, depois do almoço encontramos Chris e fomos em direção a Falésia de Baone, perto do vilarejo de Chiavano. Na ida morri de vontade de fazer xixi por causa do frio e, com dois mapas e um guia de escalada super detalhado, os meninos conseguiram se perder. Meu mal-humor aumentou. Resolvi ficar quieta porque ia falar muita besteira. Na verdade eu nem queria estar ali. Queria estar vendo sessão da tarde, comendo pipoca, embaixo de um cobertor. Mas eu escolhi estar ali. Minha irmã repetiria isso milhares de vezes: você escolheu!... Então fiquei quieta.

Depois de espremer o carro do Chris em vielas que nunca imaginei que ele passaria, chegamos no tal do lugar. Havia uma subida ainda para caminhar. Finalmente encontrei o banheiro - tinha um!!!! – e corri para ele. Coisa engenhosa. Fizeram um cercado de madeira com teto – meio escuro - com porta de metal de correr e uma privada que na verdade não era uma privada, era o assento para um buraco no chão. Bem, não me fiz de rogada. Me coloquei na posição que toda mulher se coloca em um banheiro público e saí dali outra pessoa. Muito mais leve, muito mais feliz.
A parede inclinada que fomos. 

Os meninos decidindo sobre a segurança.

A pedra em que fizemos quatro cordas.

Os lugares que precisam ser atravessados com o seu carro...

Dá uma olhada onde colocamos o carro do Chris...

A janta:pasta com olives...

Fomos para a área da escalada. Pela primeira vez faríamos várias “cordas”, isto é, na mesma rocha, seriam várias subidas. Fizemos 4 cordas, um total de 120 metros. Mas a angulação era tão boa que nem precisamos colocar os sapatos de escalada. Então subíamos os três, nos pregávamos no ponto de segurança e seguíamos. Fizemos isso quatro vezes. Aranha, nosso companheiro de escalada no Brasil, faria tudo de chinelos havaianas de tão fácil. Para mim foi uma aventura de qualquer forma, porque era bastante exposto. E eu tinha que lidar com a sensação de estar ali, a vários metros do chão, ligada por uma fita de segurança num parafuso que alguém tinha colocado na pedra. Aos poucos fui me acostumando, mas lá em cima o vento frio fazia eu tremer muito, mais de frio do que de medo. Na verdade os dois se misturaram.  Enfim, terminamos, fizemos rapel para descer e eu estava feliz de colocar a minha jaqueta. Vim para casa e o banho quente tomou outro significado. Era o paraíso para quem tinha inúmeros cortes nas mãos e nos braços, os músculos estavam em frangalhos e pernas e pés gelados. Cansaço ao extremo é a palavra. São 21h e estou pronta para desabar na cama.

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